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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Modelos de cientificidade da gramática em disputa no Brasil no fim do século XIX : a polêmica entre Júlio Ribeiro e Augusto Freire da Silva

Autores:
José Edicarlos de Aquino (UFT - Universidade Federal do Tocantins)

Resumo:

Nos finais de 1879, o mineiro Júlio Ribeiro travou uma discussão nos jornais com o maranhense Augusto Freire da Silva. Inserir os dois gramáticos como uma página na história das polêmicas linguísticas no Brasil constitui uma primeira contribuição pretendida por nosso estudo, mostrando que essa polêmica, à diferença de outras querelas na época, é menos sobre o modo como os brasileiros falam e escrevem do que sobre a maneira como se deve falar sobre a linguagem e produzir os instrumentos linguísticos, além de que as bases científicas do estudo da linguagem e os fundamentos teóricos da gramática não aparecem como derivação de outras questões, mas constituem antes o ponto de partida e o próprio fundamento da disputa entre os dois autores. Demostrando que eles apresentavam um conhecimento aprofundado e atualizado sobre o que se produzia em matéria de estudos da linguagem na época, notamos que a natureza da linguagem articulada, o aparelho vocal, as bases científicas do estudo da linguagem, a definição, a divisão e a orientação teórica da gramática, o registro e as descrições da língua portuguesa constavam como elementos que estavam em circulação e debate no Brasil no fim do século XIX. Nos concentramos no debate sobre a orientação teórica da gramática, a partir do qual chamamos a atenção para a existência de todo um movimento gramatical importante no Maranhão a ser considerado além do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, mostrando que, primeiro, em disputa com a gramática histórica e comparada, a gramática geral também foi modelo de cientificidade na gramatização brasileira do português na virada do século XIX para o XX, e segundo, que a própria gramática histórica e comparada é ressignificada no Brasil quanto ao seu objeto central, a mudança linguística, pela tomada em conta de fatores de ordem social, econômica, política e cultural.