POLÍTICA LINGUÍSTICA NA ÁFRICA LUSÓFONA E A REVITALIZAÇÃO DAS LÍNGUAS AUTÓCTONES: 40 ANOS APÓS AS INDEPENDÊNCIAS | Autores: Alexandre António Timbane (UNILAB - Universidade de Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira) |
Resumo: Na lusofonia convivem diversas línguas: europeias, asiáticas, americanas e africanas. Segundo a política linguística, o português é a língua oficial embora não sendo a língua da maioria dos cidadãos membros da comunidade, especialmente nos PALOP e no Timor Leste. Nos PALOP têm o português como a única língua oficial embora convivam cerca de 50 línguas africanas (Abdula, Timbane e Quebi , 2017: 25), da família congo-kordofaniana e koissan.A pesquisa surge da inquietação da ausência da oficialidade nas línguas africanas e o eminente risco de desaparecimento. Quais são os argumentos que fazem com que uma língua minoritária ganhe status privilegiado, mesmo 40 anos após às independências coloniais? Sendo assim, a) a política linguística privilegia o português porque é considerado uma língua neutra; b) A manutenção do português se justifica pela necessidade de preservar a herança colonial para acesso a literatura e ciência internacionais. A pesquisa objetiva analisar a situação linguística da África lusófona e, conhecer formas que possam melhorar a ideia da oficialidade em contexto multilíngue. Concluiu-se que 40 anos de independências dos PALOP não há intenção de corrigir as Constituições nem de integrar as diversas línguas africanas faladas pela maioria da população palopiana. Não há interesse em proteger, ensinar e expandir as línguas africanas. Dados dos recenseamentos provam o decrescimento acentuado do número de falantes de línguas africanas como língua materna em prol do português. 40 anos depois, nos PALOP não há formação de intérpretes e tradutores que possam interpretar ou traduzir de línguas africanas para português na justiça, na saúde e em outros serviços públicos. O que significa que um falante da língua balanta ou xichangana que não domina português está impedido de usufruir dos seus diretos constitucionais. Ser julgado ou interrogado numa língua desconhecida é a maior injustiça que se pode fazer com o ser humano.
Agência de fomento: CNPq |
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