Literatura e direitos humanos na produção literária de Allan Santos da Rosa | Autores: Karina Lima Sales (UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) |
Resumo: Antonio Candido situa a literatura como uma das necessidades profundas do ser humano, das que não podem deixar de ser satisfeitas sob pena de frustração mutiladora. Literatura como direito humano constitui-se em uma importante chave para analisar produções literárias que se inserem no movimento de literatura marginal-periférica, que desde o final dos anos 1990 tem agraciado a cena literária brasileira com expressivo número de publicações expressando o cotidiano de territórios periféricos. Allan Santos da Rosa é um dos destaques desse movimento, com uma vasta produção literária que abarca poesia, prosa, dramaturgia. Dentre suas produções, elenca-se, para esse estudo, o texto teatral Da Cabula – cujo tema central é o processo de apropriação da escrita por uma mulher analfabeta, Filomena da Cabula, em meio a seus embates na lida cotidiana – e o livro de contos Reza de mãe, composto por catorze narrativas e um poema de abertura. De Reza de mãe, serão enfocados dois aspectos: a valorização da ancestralidade negra, que transparece em todos os contos, e a sensibilidade com que Santos da Rosa trata o feminino e delineia mulheres como personagens. Em alguns contos, desnuda-se a opressão sofrida pelas mulheres, a educação castradora imposta por boa parte da sociedade, bem como tentativas de comportamentos de resistência a esse controle dos corpos e mentes femininos. A produção literária de Allan da Rosa é perspectivada por uma política de escrita que problematiza aspectos vivenciados por uma parte da sociedade geralmente silenciada, constrói representações de vivências periféricas cujas vozes exalam de dentro, constituindo-se em uma leitura sensível de uma existência marcada por um desejo de resistir, apesar de todas as forças contrárias, configurando-se como um ato político de enfrentamento à invisibilidade imposta e ao silenciamento, uma forma de luta contra o status quo de padrões culturais impostos e modelos de existência predeterminados.
Agência de fomento: CAPES |
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