MEU CORPO MINHAS REGRAS: DISCURSOS, PRÁTICAS DE LIBERDADE E NOVAS SUBJETIVIDADES | Autores: Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste) |
Resumo: Analisar discursos, à luz dos pressupostos arquegenealógicos de Michel Foucault, implica considerar o enunciado enquanto prática que deriva da formação de saberes sobre os sujeitos e enquanto lugar onde saber, poder e jogos de verdade se articulam. Considerando fundamentalmente essa conjunção, focalizo, nesta comunicação, a relação entre espacialidade e corporeidade – sobretudo as heterotopias e o corpo utópico de que trata Foucault, a partir do funcionamento interdiscursivo do enunciado Meu corpo minhas regras, compreendido como uma prática de liberdade do sujeito. Na cartografia foucaultiana, as práticas de liberdade mostram-se como possibilidade estratégica de enfrentamento às relações de poder, as quais operam com dispositivos inseridos e móveis em todos os espaços da vida social. Que práticas são essas quando tratamos de corpos femininos historicamente subjugados? As análises voltam-se para um corpus constituído por imagens apreendidas em manifestações sociais, como a Marcha das Vadias, que viralizaram na web propagando o enunciado em tela, ao tempo em que nos incitam a discutir os modos de reinvenção das lutas políticas contra certos regimes de verdades – antigos e novos. Temos, assim, novas práticas políticas, novas verdades e novas subjetividades derivadas de uma utopia profunda e soberana de um corpo em busca de liberdade. A irrupção do enunciado que coloca em questão as “regras” impostas ao corpo da mulher, desde a noite dos tempos, se sobressai evidenciando um anseio que atravessa e constitui os discursos feministas, os de ontem e os de hoje, atingindo-nos por meio de corpos utópicos que invadem, heterotopicamente, nossas redes sociais.
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