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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O papel retórico de gestos de empatia e de antagonismo na construção do ethos de youtubers ativistas

Autores:
Winola Weiss Pires Cunha (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

O presente trabalho se propõe a apresentar alguns resultados de uma pesquisa de mestrado sobre gestos verbais de empatia e de antagonismo (CAMERON, 2011, 2012, 2013) e seu uso estratégico na argumentação. Nessa investigação, trabalhamos com a hipótese de que essas estratégias se processam no âmbito das três provas retóricas (pathos, ethos e logos) -- que, por sua vez, estão necessariamente imbricadas umas nas outras. Para esta ocasião, procuramos depreender os mecanismos linguístico-discursivos de inscrição de si no discurso recrutados pelas oradoras do vídeo “HETEROFOBIA E RACISMO REVERSO EXISTEM? | Louie Ponto e Nátaly Neri”, publicado no canal LouiePonto no dia 15 de maio de 2017. A pesquisa tem como referencial teórico a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2003; GONÇALVES-SEGUNDO, 2014, 2018; HART, 2014), a Análise Argumentativa do Discurso (AMOSSY, 2018) e a Teoria da Empatia (CAMERON, 2011, 2012). Realizamos nossas análises na esteira de estudos sobre gestos verbais de empatia e de antagonismo no português brasileiro (JAMISON, 2015; PELOSI; FELTES; CAMERON, 2013; FELTES; PELOSI; CAMERON; FERREIRA, 2015; JAMISON, 2015; GONÇALVES-SEGUNDO; RIBEIRO, 2016). O corpus utilizado é composto por vídeos de ativistas políticos de diversos movimentos sociais e coletivos políticos no YouTube. O que denominamos “ativismo youtuber” consiste em uma rede de produtores de conteúdo politicamente engajados que, em seus vídeos, discorrem sobre problemas sociais. No vídeo em questão, interessa-nos compreender como as youtubers LouiePonto e Nátaly Neri se posicionam frente às noções de “heterofobia” (preconceito dirigido às pessoas heterossexuais) e de “racismo reverso” (preconceito dirigido a pessoas brancas), bem como analisar de que modo essas discussões colaboram para a construção do ethos (AMOSSY, 2018; MEYER, 2007) de ambas. Para tanto, procederemos à depreensão das marcas de inscrição das oradoras no discurso e no contexto interacional, bem como à discussão da relação entre essas marcas e as estratégias argumentativas utilizadas.


Agência de fomento:
CAPES