Ao longo da História, verifica-se a concepção de diversas formas de manifestações artísticas pelo homem, dentre as quais, destacam-se a literatura e a pintura como possibilidades perceptíveis de construção do real e do imaginário, ambas de maneira peculiar. Nessa percepção, a literatura e a pintura permitem a interação do homem com o mundo e com o próprio homem e propiciam diálogos entre o texto literário e o texto imagético, como perspectivas de leitura de mundo diferenciadas. O presente trabalho visa analisar o diálogo existente entre a simbologia das cores de Pastoral, de Nove Novena, de Osman Lins e a pintura de Caravaggio. Para tal fim, partimos dos pressupostos teóricos de Chevalier & Gheerbrant acerca da simbologia; no que se refere à Teoria da Literatura, utilizamos Rosenfeld e Yves Stalloni e a intersemiose de Lúcia Santaella. Nossa pesquisa consiste em, primeiramente, analisar em Pastoral a presença das cores e a relação desta obra com as pinturas: Marta e Maria Madalena (1598); Crucificação de São Pedro (1600); A Ceia em Emaús (1601); O Sepultamento (1603) e A Morte da Virgem (1604 -1606), todas de Caravaggio. A fim de cumprir nosso objetivo, investigamos as influências simbólicas das cores na pintura de Caravaggio comparativamente às cores em Pastoral, para comprovar ou não o diálogo entre a simbologia das cores. Ademais, as análises trazem, por exemplo, em Pastoral: o rubro pasto, utilizado para representar a cor vermelha; a luz e a sombra dialogando com a pintura de Caravaggio; o vermelho traduzido pelo sangue em ambas as representações artísticas; assim como, a sucessão de palavras antônimas: claro, escuro e seus cognatos. Portanto, a partir dos resultados parciais obtidos, há uma relação simbólica das cores em diálogo com Pastoral e as telas selecionadas de Caravaggio.