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| Construções de imprecisão gramaticalizadas no português e no alemão: o emprego por crianças em contextos de bilinguismo | Autores: Priscilla de Almeida Nogueira (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: Esta comunicação refere-se aos resultados de uma pesquisa que se dedicou à investigação da aquisição de construções linguísticas complexas – em processo de gramaticalização –, fruto da codificação sintática da intenção de imprecisão, por crianças bilíngues português-alemão, na faixa etária entre 8 e 14 anos, divididas entre os seguintes contextos: português como língua de herança (PLH), segunda língua (PSL) e língua materna (PLM). O objetivo principal foi a investigação, em um quadro comparativo, do nível de complexidade do emprego dessas construções pelos participantes. Para tanto, conduzimos entrevistas e aplicamos um teste de uso – relatos orais em português e em alemão a partir de vídeos exibidos. Procuramos criar um contexto de interação o mais espontâneo possível e, na maior parte do material gravado, isso foi alcançado. Pudemos, assim, coletar interações comunicativas orais bastante espontâneas e, portanto, boas amostras do domínio que os informantes possuem das línguas portuguesa e alemã, na modalidade falada. Após gravação e transcrição, verificamos que meio/meio que, tipo/tipo assim, um pouco/um pouquinho, fast, so e ein bisschen revelaram-se as construções mais produtivas. A fim de analisar a complexidade dessas estratégias de codificação sintática da imprecisão, elencamos os padrões funcionais de cada construção, aplicamos os princípios de iconicidade postulados por Givón (2009) e investigamos a respeito dos mecanismos de intersubjetificação (TRAUGOTT, 2010). A análise revelou que, ao empregar essas construções, mais do que codificar uma informação, o usuário lança mão de uma estratégia para falar sobre si e sobre a forma de acesso à informação, ainda que indiretamente, e que mecanismos cognitivos complexos estão por trás das estratégias aplicadas por falantes de todos os grupos, o que nos leva a concluir que são necessárias reflexões e reconsiderações a respeito de assunções equivocadas sobre o nível de complexidade de aquisição do português por crianças que convivem com duas línguas.
Agência de fomento: FAPESP/CAPES |
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