Redações vestibulares franqueiam acesso a informações privilegiadas sobre as escolhas conscientes de alunos que concluíram o ensino médio, com ou sem comprometimento com expressão escrita e interpretação e o que consideram adequado e normativo para a situação que poderá decidir sua vida profissional futura, que é o ingresso numa concorrida universidade brasileira. Com um corpus composto por redações de vestibular de candidatos típicos e de candidatos disléxicos e com um trabalho de descrição e estudo de estratégias dissertativo-argumentativas em níveis de complexidade sintática, alio aspectos da Cognição (frame, metáfora, metonímia, princípio de iconicidade, transitividade e estatuto informacional) e da Mudança Linguística no campo da gramaticalização e do funcionalismo, baseada em Givón (1995), Tomasello (2003), Hopper e Traugott (2003), Traugott e Dasher (2005), Traugott (2008) e Bybee (2010). Há um número razoável de pesquisas que tratam da dislexia da criança em idade de alfabetização (CAPELLINI, 2006 e 2010; ZORZI e CAPELLINI, 2009; CAPOVILLA 2002 e 2006; AJURIAGUERRA 1990, dentre outros), ou até mesmo os que a questionam (FREIRE, 2008; FRAGELLI, 2011; RUBINO, 2008, MASSI e SANTANA, 2011, entre outros). Porém, raríssimos são os trabalhos que se detêm em jovens/adultos disléxicos e a produção escrita nessa fase de desenvolvimento. Já na Linguística, há poucos estudos descritivos sobre a dislexia, tratada normalmente como uma das formas de afasias (SANTANA, 1999 e MACEDO, 2004). Neste recorte da pesquisa, nossa atenção se volta às diferenças entre uma redação de candidato típico e outra de um candidato disléxico no que se refere a estratégias argumentativas. Nossa hipótese é que as diferenças (e semelhanças) entre candidatos típicos e candidatos disléxicos no que se refere à elaboração do texto dissertativo-argumentativo vão além de questões ortográficas, gráficas e de lacunas na estruturação lógica do texto.