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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


"ANTITERAPIAS", DE JACQUES FUX: COMO SER UM SE SOMOS MUITOS?

Autores:
Laysa Louise Silva Beretta (UEL - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA)

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance Antiterapias, de Jacques Fux, a fim de observar de que forma o autor, a partir de um método matemático usado para citar a revisitar a literatura, indica uma aproximação bastante interessante (e, de certa forma, inédita) entre memória (autobiografia) e literatura (ficção). Ali, Fux, empreende um jogo dialético entre os lampejos da memória pessoal do narrador e os clarões da memória literária. Narrado em primeira pessoa, é timbrado como uma autobiografia ficcional. Ficcional porque Fux elabora a sua narrativa a partir de um sistema vivo de obras. Nada do que acontece com o narrador do livro é inedito, tudo já aconteceu em algum momento na literatura. Na obra, não é a literatura quem imita a vida, mas a vida do narrador que, a partir de um tecido de signos, imita a literatura. De qualquer forma, ainda que estejamos lidando com um texto que se afirma enquanto autobiografia (ficcional, é claro), é impossível não enxergar a performance empenhada pelo autor nos momentos em que a memória do narrador deixa de lembrar e passa a transformar, para os momentos em que o confessional aponta para um eu feito e refeito e para um sujeito que, na impossibilidade de ser um, torna-se muitos. Dessa forma, parece-me interessante lançar luz ao método de uma autobiografia ficcional que não só reconhece, como revela a literatura e, sobretudo, a composição do eu como um processo de retomada e transformação. Para tanto, voltar-me-ei, principalmente, para as ideias de Roland Barthes (S/Z e “A Morte de Autor”), Michel Foucault (“O que é um autor”) e Philippe Lejeune (O Pacto Autobiográfico: de Rousseau à Internet).


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CAPES