O ensino das conjunções e dos advérbios tem que lidar com problemas decorrentes da própria natureza destas classes morfológicas, visto serem classes abertas (às quais se podem acrescentar novos elementos) e variáveis (um determinado elemento pode aparecer em mais de uma categoria ou mudar de função dentro da mesma categoria).
No caso dos advérbios, suas descrições por parte dos gramáticos não correspondem. A Nomenclatura Gramatical Brasileira lista apenas sete tipos de advérbio: afirmação, dúvida, intensidade, lugar, modo, negação e tempo. Os especialistas, no entanto, variam muito nas suas classificações dos advérbios, com listas que vão desde oito tipos de advérbio (Celso Cunha & Lindley Cintra) até cerca de cinquenta (Eneida Bonfim).
Por outro lado, embora não se saiba do acréscimo de nenhuma nova conjunção no português (a variante coloquial pro modo de que, como conjunção causal, ainda é pouco empregada), algumas conjunções têm mudado de acepção, tais como:
- Se a França não ia nada bem, o certo é que eu estava na pior. (com a conjunção se, normalmente usada como conjunção condicional ou integrante, sendo empregada como conjunção proporcional).
- Nem chegou e já vai indo. (com a conjunção nem, normalmente usada como conjunção aditiva, sendo empregada como conjunção temporal).
Já com relação aos advérbios, é comum o emprego de outras classes de palavras como advérbio:
- Uma ideia toda azul. / Ele está todo sujo. (com os vocábulos toda e todo, normalmente usados como pronomes indefinidos, sendo empregados como advérbios de modo: completamente, absolutamente).
- Ele não é nada bobo. A França não ia nada bem. (com o vocábulo nada, normalmente usado como pronome indefinido, sendo empregado como advérbio de intensidade: nem um pouco).
O objetivo desse trabalho será apresentar uma descrição dessas variações no emprego e significação das conjunções e advérbios.