É proibido comer a grama, de Wander Piroli: narrativas da violência | Autores: Cilene Margarete Pereira (UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde) |
Resumo: É possível falar de uma poética da violência na obra do escritor mineiro Wander Piroli, considerando três perspectivas: em primeiro lugar, e de maneira mais óbvia, ela perpassa o uso de práticas específicas que dizem respeito ao que podemos chamar de uma violência física, que está inscrita no corpo do sujeito, a partir de descrições de atos de violência, como mortes e torturas. Esta violência emerge, de maneira não tão óbvia (pelo menos para muitos), de outra, associada à ideia de cisão social. Nesse caso, as condições de uma dada realidade histórico-social excludente promoveriam uma violência maior, menos visível, porque institucionalizada, inscrita no nosso modelo econômico capitalista. Há, ainda, uma terceira via de problematização da violência, visto que em muitos momentos, dada a construção ideológica dominante, alicerçada pelos mecanismos e aparelhos ideológicos do Estado, da Família, da Igreja e da Mídia (este quarto poder), a violência assume sua forma simbólica, quase invisível. Se em É proibido comer a grama, livro de contos publicado em 2006, ano da morte de Piroli, num primeiro momento, destacam-se atitudes violentas de suas personagens, não demora muito para que o leitor perceba que está diante de seres violentados socialmente, despossuídos, marginais, desprovidos, que, calados, garantem voz na obra do autor mineiro. Em É proibido comer a grama, destacam-se crianças desamparadas; mendigos que perambulam famintos pela região central de Belo Horizonte, prostitutas que parecem encontrar o amor; policiais burocratas; ladrões; traficantes; assassinos... Enfim, gente, “matéria prima” da literatura de Wander Piroli. Considerando o exposto, esta comunicação objetiva examinar o livro de contos É proibido comer a grama, destacando algumas de suas narrativas e de suas personagens.
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