Em meio aos desafios de traçar um percurso metodológico que contemple a perspectiva dos multiletramentos (Rojo, 2012), que considere a língua como atividade dialógica (Bakhtin, 2010 e 2015) e que partilhe da concepção de que a produção linguística é sempre produzida no desenrolar de uma prática discursiva (Maingueneau,1997; Corrêa, 2007; Silva, 2018), venho tentando realizar um processo de roteirização da disciplina Leitura e Produção Textual.

O presente trabalho tem o objetivo, portanto, de relatar os caminhos investigativos e as iniciativas que construí, até o momento, no decurso de minha docência na área de Língua Portuguesa, mais especificamente em relação a disciplinas nomeadas como Leitura e Produção Textual, Português Instrumental e afins, cujo objetivo principal é inserir os alunos em práticas de escrita da esfera universitária.

Tais disciplinas são, geralmente, inseridas nos currículos dos anos iniciais de cursos de graduação e partilham, com frequência, da ideia de que há um déficit em relação ao domínio da leitura e da escrita por parte dos estudantes que ingressam nos cursos superiores. Como acredito que a docência deve ser aliada à pesquisa, o presente trabalho relata a problematização dessa ideia, apresenta propostas de planejamento e narra experiências vivenciadas nas práticas de pesquisa e implementação de percursos de aprendizagem. Os resultados referem-se, especialmente, aos últimos 4 anos da docência com a disciplina Leitura e Produção Textual em turmas de cursos de licenciatura de uma instituição pública.

O processo de roteirização da disciplina em questão, necessariamente, precisa enfrentar questões complexas e relacionadas com a problemática das práticas de escrita na universidade, como a autoria, a aprendizagem significativa ou o papel que a comunidade acadêmico-científica tem nos processos de produção, circulação e recepção de discursos/textos.