Este trabalho coloca em discussão a consideração do sintagma preposicionado ‘por+substantivo’ que apresente causa efetiva ou declarada em construções passivas na língua portuguesa como sintagma que pode funcionar sintaticamente não apenas como agente de uma construção passiva, mas também como um complemento oblíquo de uma passiva sem agente, devido a restrições semânticas. Pretende-se demonstrar que há casos em que a categoria semântica do núcleo nominal (de primeira, segunda ou terceira ordem, segundo Lyons, 1988) determina sua classificação ou não como um agente. Nesse sentido, verifica-se a possibilidade de se considerar esses sintagmas como complemento de uma passiva sem agente, apresentando distinções semânticas que têm determinação no nível sintático. Assim, considera-se que, em “ [A coccidiose_sujeito] [é causada_{verbo na voz passiva}] [por protozoários_{agente da passiva}], haveria uma construção passiva analítica com uma causa efetiva que apresenta um agente, diferentemente de “[O debate_sujeito] [foi lançado_{verbo na voz passiva}] [por motivos de natureza econômica_{complemento oblíquo}], na qual se percebe uma construção passiva analítica sem agente e com um complemento que apresenta uma causa declarada. A partir de uma fundamentação teórica de base funcionalista (Chafe, 1979; Dik,1989; Neves, 1999, 2000; Farrel, 2005; Castilho, 2010), classificam-se ocorrências de sintagmas 'por+substantivo' encontradas no Corpus do português (de Mark Davies) e na internet. Como resultados preliminares, constata-se que a causalidade expressa pelas construções passivas e pelas construções com 'por+substantivo' é semanticamente diferente: a causalidade expressa por meio de verbos causativos tende a apresentar causas efetivas, ao passo que a causalidade expressa por esse tipo de sintagma tende a expor causas declaradas (Dik, 1989; Sweetser,1990 e Neves, 2000).