Preconceito linguístico e ensino: o caso dos quadrinhos. | Autores: Andressa Viana da Silva () |
Resumo: Embora, atualmente, as Histórias em Quadrinhos (HQs) estejam presentes nas aulas de língua portuguesa e seu ensino seja recomendado pelo Parâmetro Curricular Nacional, durante muito tempo, esse hipergênero foi excluído das discussões linguísticas por não ser considerado um objeto válido para os estudos acadêmicos (VERGUEIRO, 2005; RAMOS, 2012). Infelizmente, essa exclusão se deve, em parte, ao preconceito com a língua portuguesa dos quadrinhos, afinal muitas HQs não são escritas na variedade padrão da língua portuguesa, a única que muitos docentes reconhecem como objeto de ensino nas aulas de língua materna. Desse modo, este trabalho tem por objetivo analisar criticamente a trajetória das HQs como objetos de ensino de língua portuguesa. Vemos a necessidade de debater esse tema, pois, ainda hoje, há uma rejeição aos quadrinhos e à língua supostamente inadequada que representam, o que coincide com o apagamento do debate sobre a variação linguística no ensino fundamental e médio. A pesquisa foi baseada nos estudos de Antunes (2007, 2009), Bagno (2002,2004), Bortoni-Ricardo (2005, 2008), Cagliari (2003), Ramos (2006, 2012), Vergueiro (2005, 2009) e Cagnin (1975). Com esse estudo, concluímos que, conforme o tratamento das variedades linguísticas foi sendo aceito nas aulas de português, os gêneros e hipergêneros representativos das variantes não padrão ou da modalidade oral da língua portuguesa começam a encontrar lugar na sala de aula. Entretanto, por mais que os quadrinhos estejam presentes nas aulas de língua materna, ainda se observa um mau uso desse material (NEVES, 2003), pois as HQs ainda estão ligadas apenas ao entretenimento e sua expressão linguística ainda é vista com reserva e preconceito por muitos docentes, de modo que as HQs ainda não são exploradas nas escolas em todo seu potencial linguístico.
Agência de fomento: Brasil |
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