Conceptualização de nomes para a vulva: gênero, tabu e preconceito | Autores: Patrícia Oliveira de Freitas (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo: Em pesquisa realizada para mestrado (FREITAS, 2017), observaram-se os processos cognitivos que subjazem à construção de sentidos de piadas com emprego de nomes populares para a vulva e o pênis. Os dados, analisados fundamentalmente sob a ótica da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF; JOHNSON, 1980) e da Teoria da Integração Conceptual (FAUCONNIER; TURNER, 2002), demonstraram depreciação nos nomes dados à vulva em oposição aos nomes dados a pênis. Apesar do efeito cômico na conceptualização de narrativas jocosas, verificou-se que o acionamento do conhecimento convencionalizado dos falantes relativo a determinadas partes do corpo perpassa o tabu linguístico (ULLMANN, 1966; GUÉRIOS, 1979). Nesse sentido, defende-se a ideia de que a integração conceptual é o processo que permite a união de vários domínios cognitivos que revelam a criatividade do pensamento, de modo a lidar com os tabus, criando eufemismos para contornar o significado e ocasionando a aceitação social dessas palavras/objetos afetados por interdições morais. Além disso, tais designações alternativas demonstram a atitude de falantes do português do Brasil que, ao minimizar e contornar os aspectos tabuizados do léxico relacionados ao conhecimento do órgão feminino, ratificam a proeminência da figura masculina, especialmente do órgão sexual masculino. Dando continuidade a essa pesquisa em doutorado, propõe-se ampliar o escopo de análise a partir da observação de lista de nomes para a vulva, disponibilizada pelo site Desciclopédia, cujo repertório expressa um quantitativo de 3940 designações. Para tanto, serão incluídas reflexões do feminismo sobre a construção de gênero, levando-se em consideração os valores culturais e experienciais que subjazem a tais metáforas do pensamento e, consequentemente, a tais denominações de valor depreciativo.
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