LEITURAS HIPOTÁTICAS EM ARTICULAÇÕES POR JUSTAPOSIÇÃO EM FOLHETOS DE LEANDRO GOMES DE BARROS | Autores: Marcelo da Silva Amorim (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; Ricardo Alexandre Peixoto Barbosa (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) |
Resumo: Neste trabalho, apresentamos uma parte dos resultados do mapeamento do plano discursivo de cinco romances de folhetos – que somam um total de aproximadamente quatro mil (4.000) versos, de autoria do cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918) – que realizamos durante nossa pesquisa de pós-doutorado. Dentre as formas utilizadas pelo poeta para orientar seu leitor/ouvinte quanto aos graus de centralidade (figura) e perifericidade (fundo) dos enunciados em suas narrativas, um percentual de cerca de 10% realiza-se por articulações “hipotatizáveis” entre cláusulas justapostas, o que significa que o acoplamento entre elas prescinde de juntores segmentais ou operadores discursivos explícitos. Dessa forma, nosso objetivo é comprovar que tal tipo de codificação – que, entre outros fatores, é reflexo das restrições formais impostas pelo próprio gênero – franqueia um espaço maior para o exercício da subjetividade na narrativa, no qual o ouvinte/leitor poderá participar como “interlocutor”, contribuindo efetivamente na construção de sentidos dos poemas, segundo sua própria capacidade para preencher – ou não – a lacuna deixada pela ausência do elo lógico-semântico interclausular. Ademais, a aparente complexificação instaurada por uma possível leitura hipotática efetuada a partir de articulações por justaposição constitui uma oportunidade ímpar de trabalho em sala de aula, uma vez que o público poderá atribuir funções circunstanciais/hierárquicas a formas que, com frequência, sugerem uma compreensão tão-somente paratática e, portanto, paritária. Teoricamente, assentamos nossas reflexões sobre trabalhos de abordagem funcionalista como os de Hopper e Thompson (1980); Hopper e Traugott (2002); Haiman (1983); Givón (1979); Longhin-Thomazi (2011); Decat (2001); e Rodrigues (2013), dentre vários outros.
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