O presente trabalho tem o objetivo de discutir questões teóricas sobre o despertar de uma consciência intercultural nos futuros professores de Português Língua Estrangeira (PLE) com a finalidade de desenvolver estratégias de ensino e aprendizagem que priorizem aspectos cognitivos, comportamentais e afetivos do ensino da língua portuguesa e, ao mesmo tempo, abordem elementos mais profundos desse ensino relacionados às representações culturais e às identidades diversas presentes em sala de aula. Partimos do pressuposto de que os comportamentos culturais, ao menos em um primeiro momento, são de estranhamento e desprovidos de uma análise menos subjetiva em relação às diferentes culturas em interação. Em uma perspectiva intercultural, é necessário sensibilizar tanto o futuro professor quanto o aluno para a observação, a compreensão e a relativização da cultura do outro. Trata-se de um exercício contínuo de construção de conhecimentos e de reflexão sobre os estereótipos culturais, um vai e vem de experiências que trazem questionamentos sobre o que se representa na sua própria cultura e o que o outro significa na cultura dele. Esse novo lugar de entendimento, de acordo com Maga (2005), é adquirido através da experiência do aluno que gera nele a confiança para uma ação cooperativa. No entanto, tal como afirma Abdallah-Pretceille (1999), acreditamos que essa experiência precisa atingir as categorias de compreensão mútua, cordialidade, espontaneidade, empatia e diálogo entre culturas. O que nos parece fundamental é, portanto, a conscientização intercultural, pois ela auxilia no aprendizado que tais atitudes podem gerar no eu e no outro e promove a avaliação, a troca e o desenvolvimento de uma formação favorável ao encontro intercultural.