Segundo algumas gramáticas tradicionais de PLM (Português Língua Materna), como por exemplo, a Moderna Gramática Portuguesa de Bechara, e de PL2E (Português como Segunda Língua para Estrangeiros) Modern Portuguese: A Reference Grammar, de Perini , pode-se observar que as noções de ordem e pedidos são pouco exploradas. Algumas apontam somente a alternância entre as formas do imperativo tu e você para demonstrar as diferenças entre o registro formal e o coloquial. Há uma simplificação do assunto, resumindo-o, na maioria das vezes, à questão de uso do imperativo ou de outras formas verbais empregadas para exprimir os valores de ordem e pedido. Apresentar os valores das formas verbais de maneira simplificada implica o surgimento de um grave problema a ser analisado no processo de ensino/aprendizagem de uma língua. Tal fato ocorre porque despreza-se a complexidade das funções discursivas dessas formas. O objetivo desse trabalho é mostrar as possibilidades de expressar as diversas nuances que esse modo verbal apresenta tendo como base os atos de fala. Para analisar o imperativo pelo viés dos atos de fala, será utilizado como base conceitual deste trabalho a Sociolinguística interacional, os Atos de Fala e o Interculturalismo. No caso do imperativo, observa-se que o falante se utiliza de vários recursos implícitos e explícitos para expressar os diversos aspectos que esse modo verbal oferece. É relevante discutir que o imperativo não se resume à Estilística. Dessa maneira, é fundamental adaptar todas essas informações às necessidades do aluno de Português como Segunda Língua. O resultado dessa pesquisa indica que para expressarmos a noção de ordem, pedido, conselho, instruções, etc., em português, utilizamos vários recursos muito mais eficazes do que as categorias linguísticas que o modelo formal de imperativo pode oferecer, e que os atos de fala podem auxiliar o falante a conseguir que sua solicitação seja atendida sem que ele pareça arrogante, grosseiro, etc.