Conceber a língua(gem) como uma atividade imanentemente social, dialógica e responsiva foi indubitavelmente uma das contribuições mais profícuas dos pensadores que compõem o Círculo de Bakhtin. Pensar que a essência da língua reside na interação é compreender a acepção dialógica da linguagem e deparar-se, constantemente, com o caráter responsivo dos sujeitos, nas mais distintas esferas comunicativas. No âmbito escolar, o ensino de língua vem sendo foco de debates e análises, dentre elas o trabalho e o papel com o livro didático em sala de aula, uma vez que este exerce o papel de mediador, e detentor do saber, no processo de ensino aprendizagem. Frente a esse panorama, nos debruçamos sobre três exemplares distintos de livros didáticos, utilizados tanto na rede pública quanto na rede privada no estado da Paraíba, voltados para o 9º ano do Ensino Fundamental, com vistas a verificar as vozes que perpassam o trabalho com a leitura, bem como a responsividade que é, ou não, suscitada por esses procedimentos didático-metodológicos. Fizemos, desse modo, um recorte do conteúdo referente à leitura, pertencente às últimas unidades dos livros didáticos para constituir o corpus de nossa reflexão, que tem como aporte teórico os estudos do Círculo de Bakhtin (2010, 2011, 2013, 2016, 2017). No que tange aos resultados da análise, verificamos a iminente necessidade de mudança no que diz respeito à abordagem do processo de leitura, pois as questões ainda apresentam-se presas à forma, distanciando-se de uma leitura dialógica e responsiva, na qual o aluno se constitua enquanto sujeito situado sócio-historicamente.