Crenças linguísticas no ensino de língua portuguesa | Autores: Gabriela Barreto de Oliveira (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Edila Vianna da Silva (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Este trabalho dá continuação à pesquisa sobre crenças e atitudes, apresentada no SIMELP, em 2017. O conjunto de atitudes e sentimentos dos falantes em relação às suas línguas e àqueles que as utilizam (Calvet, 2002: 65) influenciam o ensino/aprendizagem dessas línguas. Assim, crenças negativas formam preconceitos e estereótipos com respeito às variedades linguísticas, algumas avaliadas pela sociedade como prestigiadas e outras como “as que devem ser evitadas”. Tal forma de pensar, comum na sala de aula, constitui entrave ao ensino/aprendizagem de português como língua materna, uma vez que desmotiva os alunos detentores de falares considerados inadequados à comunicação. Partindo desses pressupostos, foram investigadas as crenças dos alunos e professores do Ensino Fundamental de Quissamã (município do estado do Rio de Janeiro) em relação à variedade do português que empregam, bem como sua avaliação dos dialetos da região. Os dados para análise foram recolhidos de questionários sobre crenças linguísticas aplicados a alunos, professores e, posteriormente, a funcionários do CIEP Dr. Amílcar Pereira, cujos alunos são falantes de variedades linguísticas não prestigiadas na sociedade. Os resultados mostram-se similares aos dos trabalhos de Barbosa e Cuba (2015) e Cyranka (2007). Os alunos creem que a norma-padrão é a única boa possibilidade de expressão, que existem modos de falar “superiores” além de manifestarem preconceito em relação à sua linguagem e à de seus colegas. As respostas dos professores assinalam a consciência da variação, da necessidade de um trabalho que respeite as variedades trazidas pelos alunos, mas alguns ainda mantêm os estereótipos e não conseguem realizar um trabalho que incentive a visão crítica da língua pelos discentes.
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