Formar leitores é um desafio para as instituições escolares, sobretudo as de educação infantil, e uma questão que se estrutura em torno dessa temática é: como os docentes podem colaborar para a constituição de crianças leitoras entre aquelas que ainda não leem convencionalmente? Dados de um estudo de caso etnográfico, realizado em uma creche de Presidente Prudente/SP e orientado pela Profa. Dra. Renata Junqueira de Souza, revelam que a utilização de estratégias de leitura, desde a primeira infância, pode contribuir com o nascimento de pequenos leitores a partir de uma mediação adequada durante a partilha do texto e do livro. Este trabalho propõe-se, portanto, apresentar parte dos dados de uma pesquisa de doutoramento, tendo como objetivo discutir as estratégias de leitura dialógica (dialogic reading) esquematizadas por Whitehurst et al. (1992) apresentando possibilidades de mediação com crianças a partir de 2 anos, as quais, nesta pesquisa, também são adaptadas para bebês ainda menores. Por meio dessas estratégias, o mediador de leitura oferece estímulos, chamados de prompts, como: lacunas para serem completas pelas crianças, recordação da narrativa, questionamentos, conversas e distanciamento do texto, aproximando-se da vida infantil. Em outras palavras emprega-se estratégias como conexão, visualização, inferência, sumarização e síntese (GIROTTO; SOUZA, 2010), utilizadas antes, durante ou depois da leitura (SOLÉ, 1998). Além disso, as estratégias de leitura dialógica propõem a avaliação da resposta infantil, sua expansão e repetição realizadas pelo mediador. De maneira que é possível verificar que tais intervenções podem favorecer as relações que se estabelecem durante a partilha do texto, colaborando para que bebês e crianças bem pequenas possam interagir não apenas com o mediador ou seus pares, mas também com o livro e com a narrativa.