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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O CORPO GORDO FEMININO COMO DISCURSO DE RESISTÊNCIA À DITADURA DA BELEZA

Autores:
Tânia Maria Augusto Pereira (UEPB - Universidade Estadual da Paraíba)

Resumo:

Neste trabalho discorremos sobre as resistências dos sujeitos frente à normatização de uma moldagem corporal apresentada pela mídia como verdade da época. Como ponto de partida, questionamos: quais verdades estão sendo produzidas e veiculadas na mídia sobre o corpo gordo? E até que ponto esse corpo é sinônimo de resistência, já que rompe com a hegemonia do discurso midiático? Buscamos analisar como o corpo gordo feminino resiste à excessiva valorização das práticas contemporâneas de bio-ascese (Ortega, 2015) que expressam uma preocupação com a aparência, com o olhar que os outros põem sobre si. O corpo é concebido como uma realidade bio-política (Foucault, 2008), alvo de uma política de “controle-estimulação” que objetiva produzi-lo, expondo os sujeitos às maneiras de pensar e de agir adequadamente na sociedade, incitando-os à interiorização e à incorporação de convenções idealmente construídas. Para o filósofo francês, a resistência é imanente ao poder, e as relações de poder existem devido a uma multiplicidade de pontos de resistências que percorrem os sujeitos, constituem seus corpos e produzem rupturas, constituindo o novo. Nossa reflexão está alicerçada nos estudos sobre discurso, poder e saber (Foucault, 2008, 2012) e sobre a compreensão do corpo como uma construção histórica e cultural, na qual se articulam diferentes discursos e saberes (Fischler, 2005; Courtine, 2005; Ortega, 2008; Vigarello, 2012; Pereira, 2013). Nesse contexto, lançamos um olhar sobre o corpo gordo feminino, analisando o discurso que se apresenta em evidência e traz à presença o que é interditado. Constatamos que, apesar de a mídia insistir na propagação de um discurso já cristalizado acerca do corpo magro aceito socialmente, algumas mulheres confrontadas com a dura exigência imposta pela mídia de serem magras e sedutoras ousam mostrar um corpo que, supostamente, “ninguém quer ver” e transformam a si mesmas.