O trabalho investiga representações de mulheres em Livro das noivas (1904) e Livro das donas e donzelas (1906), de Júlia Lopes de Almeida, bem como no volume Eles e elas (1910) e em crônicas esparsas. Estuda o estabelecimento de referenciais de conduta femininos e aborda as leituras citadas pela autora, procurando a identidade de gênero. Estuda, ainda, cenas e narrativas em que práticas discursivas revelam a experiência da mulher e sua visão da cidade do Rio de Janeiro.
As duas obras escolhidas para investigação primeira são verdadeiros manuais de conduta para as mulheres ao início do século XX. De início, estuda-se a sintonia estabelecida pela autora com suas leitoras e parte-se para o estudo de protocolos de leitura acionados pelo discurso.
A seguir, passa-se a estudar a imagem de mulher não só nos manuais como na obra Eles e elas e em crônicas da autora que se ancoram no Rio de Janeiro. Trabalha-se, principalmente, com os efeitos de gênero instaurados pelo discurso, a par de sua inserção na dimensão histórico-sociológica, na belle époque brasileira. Como sustentação teórica, utilizam-se tanto obras ligadas à corrente anglo-americana de relações de gênero quanto à francesa, pós-estruturalista. Além delas, textos que elucidam a belle époque e a inserção da representação feminina. Nesse caminho, examina-se a perspectiva de narração e a (re)produção de determinadas situações que se configuram como pertencentes à esfera da mulher. Em suma, estuda-se a mulher como sujeito da escrita e como apresenta leitoras e funções percebidas como femininas ao início do século XX, no espaço da cidade do Rio de Janeiro.