Segundo a Neurodidáctica, o potencial educativo é alcançado quando o aluno se emociona e, neste aspecto, a obra literária é uma ferramenta ideal, por ser uma expressão das preocupações humanas que transcende no tempo e conecta o estudante ao autor. É este elemento humano que faz a literatura relevante na vida e na aprendizagem do leitor-aluno, uma vez que nos textos literários confronta retratos da vida que aprofundam tanto o seu reconhecimento de si mesmo como a compreensão de outros estilos de vida.
Tradicionalmente, na aula de português como língua estrangeira, como em outras línguas estrangeiras, a literatura tem sido (1)o veículo para ensinar o binómio língua/cultura, servindo para melhorar a aquisição da língua ao suplementar vocabulário e demonstrar princípios gramaticais abordados na aula, e para ilustrar a cultura; tem sido também ensinada como (2) ciência, ou teoria literária, dissecando o texto, analisando a vida do autor, classificando em géneros e períodos; e prosseguindo com o estudo dos componentes vitais da obra, símiles e símbolos. No entanto, esta mistura de literatura, língua e cultura feita por estas abordagens, acaba por confundir ou sobrecarregar o aluno.
Esta apresentação propõe uma abordagem à literatura como expressão humanista ou arte, sem rejeitar a sua função como ferramenta para a aquisição de segunda língua. A partilha de sentimentos entre o autor e o leitor-aluno é uma experiência humana real, válida e vicária, através da palavra escrita e da imaginação. Mais que um conhecimento cognitivo do texto literário, esta apresentação demonstra como o professor pode levar o aluno à apreciação de experiências humanas, e à expansão dos recursos linguísticos dos leitores-alunos, para que eles possam abordar a obra literária com maior capacidade de compartilhar da natureza humana do texto, do autor e das suas próprias vidas.