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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Reanálise semântica de sentenças relativas estruturalmente ambíguas – a desconstrução da pluralidade de sentidos pela intencionalidade do falante

Autores:
Morgana Fabiola Cambrussi (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul)

Resumo:

Este estudo apresenta uma investigação em torno do (não)reconhecimento de ambiguidade em sentenças consideradas estruturalmente ambíguas. A hipótese que se assume é a de que fatores oriundos de uma cognição social compartilhada possam agir como neutralizadores de sentidos ou de gatilhos de ambiguidade em circunstâncias comunicativas em que a pluralidade semântica possa comprometer a intercompreensão. Neste trabalho, o principal objetivo foi demonstrar como o compartilhamento de intencionalidade pode interferir no julgamento de ambiguidade de sentenças relativas com núcleo estruturalmente ambíguas. O seguinte aparato teórico sustenta a pesquisa: a delimitação da ambiguidade sintática está pautada nos estudos gerativistas em torno da estrutura de sentenças relativas com núcleo do português do Brasil; o compartilhamento de intencionalidade, a cooperação linguística e a cognição social foram definidos a partir de pressupostos da psicologia social, extraídos dos trabalhos de Michael Tomasello e colaboradores; por fim, a semântica das sentenças em análise é discutida pela perspectiva funcional. Essa interlocução teórica ganha assento no campo da semântica cognitiva, como parte dos estudos da área de linguística cognitiva. Nossos resultados apontam que, muito embora possa haver ambiguidade estrutural em sentenças (aqui restrita à ambiguidade sintática) – como é o caso das relativas com núcleo que compuseram o corpus de análise para a discussão de distribuição escalar de ambiguidade –, é factível que essa ambiguidade seja não apenas não reconhecida, mas até mesmo refutada pelo falante. Nesse caso, aventamos a possibilidade de, no julgamento semântico desse material linguístico, estar sendo externado um comportamento linguístico resultante do compartilhamento de intencionalidade internalizado pelo falante, que criaria entre interlocutores um pacto sociocognitivo tácito de cooperação semântica, concorrendo para a unicidade de sentido.