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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ENSINO DE GRAMÁTICA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS: ABORDAGENS, EQUÍVOCOS E PERSPECTIVAS

Autores:
Claudia de Souza Teixeira (IFRJ - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro) ; Leonor Werneck dos Santos (UFRJ - UFRJ)

Resumo:

Neste trabalho, discutimos alguns aspectos relativos ao ensino de gramática, demonstrando que a abordagem produtiva, baseada na análise e no uso de estratégias textuais e discursivas, não se opõe às abordagens descritiva e normativa, que enfatizam a metalinguagem e a norma culta. Destacamos que a polarização entre ensinar ou não gramática – geralmente fruto de interpretação equivocada de documentos oficiais e de pesquisas linguísticas e pedagógicas – vem confundindo professores e alunos, prestando um desserviço ao ensino da língua portuguesa. Levamos, inicialmente, em conta concepções de gramáticos como Luft (1993) e Perini (1997, 2000), que há muito já discutiam a importância do trabalho com textos para abordar fatos gramaticais. Além disso, mostramos que linguistas vêm defendendo o ensino da gramática sob uma ótica reflexiva e produtiva (FARACO, 2015, 2017, TRAVAGLIA, 2003; KOCH, ELIAS, 2006; ANTUNES, 2008) e que, em livros didáticos atuais, é possível detectar tentativas de aplicação de diretrizes dos PCN (BRASIL, 1998, 2006) quanto à integração de leitura, análise linguística e produção textual (SANTOS, 2009). Como conclusões, mostramos que, independentemente da perspectiva teórica adotada, a preocupação principal, na educação básica, deve ser “para quê” e “como” ensinar, não apenas “o quê” ensinar. Acreditamos que, com uma abordagem mais contextualizada, significativa e produtiva de gramática, é possível ajudar os alunos a desenvolverem sua competência discursiva por meio da reflexão e da construção mais consciente de conhecimentos sobre a língua.