A Capitã da Areia: A representação da menina- mulher
A representação da figura feminina na literatura de Jorge Amado, revela mulheres que transgridem e lutam para superar as adversidades impostas pela sociedade elitista e machista retratada na literatura de Amado. O objetivo aqui é apresentar a personagem Dora de Capitães da Areia (1937) e a representação dela na obra cinematográfica homônima (2011), de Cecília Amado e com isso avaliar a figura feminina/ marginalizada na literatura e como ela vive nos espaços de uma sociedade que marginaliza as crianças abandonadas. Apesar da figura da mulher como mulher forte, ser recorrente na literatura amadiana, a figura da menina Dora de Capitães, quase não é retrata nos estudos sobre mulheres. E toda mulher seja ela madura ou uma menina, como no caso de Dora, tem voz para enfrentar seu destino, de acordo com o que era imposto na época, justificando assim, essa pesquisa que tem como metodologia a comparação, análise das narrativas, observando o intercâmbio entre os textos pertencentes a sistemas semióticos distintos, para compreender o estatuto tradutório. As bases teóricas principais são Bernadi (2004), Dimem (1997), Perrot (2005), Stam (2008). A Dora literária retrata o elo maternal e familiar, aconchego e proteção e a Dora fílmica, traz nas cores e nas canções a essência de sua personalidade, de mulher forte e decidida. É observado que em ambas as obras a personagem Dora é menina e é mulher que luta contra o abandono após a morte dos pais, luta contra os capitães e se insere no meio deles como o “menino” Dora com toda sua força e feminilidade. Dessa forma, percebemos que ambos os textos trabalhados retratam a personagem desta pesquisa como a menina-mulher forte e a frente do seu tempo em relação a luta da mulher.