Este artigo pretende fazer um recorte de um fato sociolinguístico referente às atitudes linguísticas que a comunidade indígena mundurukú do Kwatá-Laranjal do Estado do Amazonas manifesta, no que concerne ao uso da língua portuguesa e mundurukú nas três últimas gerações. A metodologia adotada compreende uma abordagem quali-quantitativa, com aporte teórico da Psicologia Social que foi proposta, inicialmente, por Lambert e Lambert (1966), chamada “matched guise”. Traduzida para o português como a técnica do disfarce combinado ou, também, conhecida como falsos pares, foi desenvolvida, justamente, para investigar as atitudes das pessoas diante de variedades linguísticas sociais, geográficas ou étnicas e para as diferentes línguas faladas em comunidades bilíngues. O corpus da pesquisa foi coletado a partir da realização de entrevistas semiestruturadas e sistematizadas por questionário. Observou-se uma ordem cronológica e geracional para a preferência de uso da língua portuguesa desde a geração dos avós dos informantes desta pesquisa, o que mostra uma possível ruptura no ensino da língua nativa às crianças da comunidade. A falta de transmissão linguística deve ter sido fruto de uma avaliação subjetiva negativa que a comunidade apresentou diante da língua de cultura, e a avaliação subjetiva positiva da língua portuguesa gerou maior preferência de uso, tornando-a a língua de prestígio nesta comunidade.