Tendo em consideração que as diferentes manifestações artísticas, como a pintura, o cinema ou o teatro, incorporam diferentes tipos de linguagem e propõem modos de comunicação diversos entre o Eu-espectador e o Outro representado, elas implicam uma relação de alteridade e propõem uma reflexão estético-cultural cuja integração no ensino-aprendizagem de uma LNM consideramos dever ser valorizada (ainda que não seja fundamental). Na presente comunicação, visamos abordar duas daquelas manifestações: a pintura e o teatro. Pretendemos, deste modo, não apenas refletir sobre as diferentes propostas teóricas de inserção das diferentes manifestações culturais, em contexto de sala de aula, no quadro do ensino-aprendizagem de uma LNM, como também propor domínios e áreas de atuação específicos em que aquelas podem ser utilizadas. Para além de representarem um instrumento de grande utilidade para a aquisição vocabular, tanto a pintura como o teatro permitem uma comunicação com a cultura do Outro que favorece e impulsiona uma relação intercultural, a qual, encontrando-se subjacente a qualquer ato de comunicação, acelera o processo de aquisição linguístico. Recorrendo à representação, o teatro obriga a um trabalho de memorização linguística e gestual que faz com que o aprendente integre diferentes domínios de conhecimento, conquanto a pintura, ao apelar para uma visualização de imagens, recorre a um tipo de memorização que se centra na dualidade imagem-palavra. Ambos, quando conjuntamente abordados em contexto de sala de aula, exploram, portanto, diferentes domínios de conhecimento e de saber, apoiando-se num ato de memorização, ora imagético, ora gestual, que cremos contribuir de uma forma lúdica, mas também eficaz, para a compreensão e reflexão dos diferentes mecanismos linguísticos de uma língua e da cultura que lhe subjaz.