O Tico-Tico, revista brasileira publicada entre 1905 e 1962 pela sociedade O Malho, foi o principal veículo cultural destinado às crianças daquela época (CARDOSO, 2008), e contribuiu de modo significativo como seu formador cultural (LAJOLO, 2005). Entre as principais publicações do periódico, constam histórias ilustradas, muitas de origem estrangeira, em versão traduzida, a destacar, de língua inglesa: Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, Tom Sawyer, de Mark Twain, bem como de língua francesa: As Vinte mil léguas submarinas, de Jules Verne e A abelha, de Anatole France. Tais histórias são apenas alguns exemplos diante das muitas outras veiculadas na revista, todas ricas em ilustrações, o que possibilitava, aos leitores, a criação de uma relação entre a imagem e o texto, e contribuía para o desenvolvimento de seu imaginário e gosto pela leitura. A relevância d’O Tico-Tico no cenário nacional foi tão intensa que sua circulação no mercado editorial durou cinquenta e sete anos, um longo período, que contemplou gerações. Importantes escritores brasileiros, tais como Carlos Drummond de Andrade, Dalton Trevisan, Jorge Amado e Chico Buarque de Holanda, fizeram parte de seu público leitor. Para estabelecer um contato com seus assinantes, a revista tinha uma seção de correspondências chamada “Dr. Sabe Tudo”, na qual se publicava perguntas, sugestões, poemas e desenhos dos leitores, produções que nos permitem verificar seu gosto pelo impresso. Esta comunicação, portanto, pretende demonstrar uma interpretação da presença dessas histórias ilustradas estrangeiras aqui mencionadas e de que maneira elas propiciaram a formação dos leitores infantil e juvenil. Orientadora: Profa. Dra. Nilce M. Pereira (UNESP/Ibilce – São José do Rio Preto/SP).