Poster
| INTERAÇÃO VERBAL EM PICHAÇÕES ESCOLARES: SOCIALIZAÇÃO JUVENIL NAS MARGENS DO SISTEMA | Autores: Arthur Ribeiro Costa E Silva (SEMEC BELÉM - Secretaria Municipal de Educação) |
Resumo: Em continuidade a pesquisas anteriores que definiram o estatuto de gênero discursivo da pichação escolar, o trabalho discute as formas da interação verbal concretizadas por meio deste tipo de enunciado, investigando como, por meio da pichação, são manifestadas pelos jovens formas de interação e constituição subjetiva marginalizadas pelo sistema escolar. Apresentam-se dez exemplos representativos do corpus analisado de 200 registros fotográficos de pichações coletados em três escolas de Ensino Médio de Belém. A análise é feita por método exploratório a partir da articulação conjunta da teoria bakhtiniana de estudo da linguagem baseado na interação verbal, dos estudos sobre a pichação urbana em seus aspectos artísticos, formais e sociológicos, e dos estudos sobre a escola como espaço sociocultural. Os resultados apontam para duas formas de emersão de atitudes responsivas por meio das pichações: uma pela qual os jovens autores das pichações procuram trocar informações e travar relações entre si ou afirmam domínio sobre os ambientes pichados, e outra pela qual os jovens alunos intervêm nas pichações já feitas com comentários concordantes ou dissonantes. No primeiro, em que a interação se dá em perspectiva top-down, o interlocutor é pressuposto no próprio corpo da enunciação como um elo necessário à efetivação da comunicação discursiva. No segundo, em perspectiva bottom-up, o respondente se constitui organicamente a partir das condições de interação instauradas na cultura jovem, afirmando-se como coprodutor desse contexto social objetivo. Como conclusão, defendemos a impossibilidade de reduzir a pichação escolar a um padrão único de realização, afirmando sua vinculação intrínseca à dinâmica social das juventudes e da cultura escolar.
Agência de fomento: Universidade do Estado do Pará |