Este artigo discute a Língua de Sinais Brasileira (Libras) como instrumento de aprendizagem escolar, letramento e de empoderamento por uma comunidade. Num campo ideológico, afirma-se que identidades surdas são constituídas pela Libras resultando a cultura surda. Nas escolas, esse discurso encontra barreiras como: crianças surdas sem uma língua natural (Libras); sem uma identidade definida; com dificuldades na compreensão normativa/funcional do português como L2 e outras. O objetivo da pesquisa envolve o entendimento de como ocorre a constituição das culturas e identidades de surdos com aquisição tardia de Libras no contexto escolar e propõe ações socioculturais (dentro e fora da escola) e pedagógicas, interdisciplinares, para superar essas barreiras. Os teóricos Goldfeld (1997), que expõe sobre valores e diversidade cultural, Quadros e Karnopp (2004), Gesser (2012), Rojo (2001) e Perlin (1998) falam sobre a cultura surda e sobre letramento na sociedade e na escola, sustentam as discussões nesse artigo. A metodologia envolveu a investigação dos Projetos políticos Pedagógicos das escolas municipais e da escola da Associação dos Surdos de Goiânia e de ações de letramento envolvendo crianças surdas e o planejamento coletivo de novas propostas interdisciplinares. Os resultados foram: a confirmação de um contexto de identidades de surdos com aquisição tardia da língua de sinais, a persistência de suas dificuldades nos anos sequenciais, mas, a verificação da construção de uma cultura singular e de uma consciência inicial linguística do português a partir da Libras, sua primeira língua (L1). Além disso, encontros entre surdos, temas e gêneros textuais no ensino escolar e um professor surdo como modelo de identidade dentre outros desencadearam motivações na aprendizagem escolar, interações sociais a partir do uso da Libras e outras formas de linguagem e na formação de suas identidades.