O ponto de partida para este estudo consistiu no exame do período 1964-1985,  com base em cinco obras da história da literatura brasileira,  aqui elencadas, por nome de autor, na sequência dos anos das primeiras edições: Alfredo Bosi (1970), Massaud Moisés (1984), Luciana Stegagno Picchio (1996), José Aderaldo Castelo (1999) e Carlos Nejar (2011). De modo geral, podem ser observadas consideráveis semelhanças entre esses verdadeiros manuais de historiografia, visto que focalizam obras literárias publicadas em um período restrito, relativamente recente, em que são numerosos os  documentos complementares, como a crítica acadêmica e a publicada em periódicos, inclusive os que se dirigem ao público não-especializado. Cada historiador pautou-se pelo objetivo de registrar escritores e obras mais relevantes, dedicando o espaço possível ao conjunto de obras que, como resultado de circunstâncias as mais diversas e independentemente de sua qualidade literária, fazem parte dogigantesco repertório "não-canônico", destinado quase sempre a permanecer na sombra.  Tanto o texto histórico quanto o literário mantêm-se permanentemente abertos a novas interpretações, seja pela descoberta de documentos inéditos ou censurados, seja por releituras que alterem as interpretações e os pontos de vista antes estabelecidos. Novos documentos vieram agregar-se aos que eram públicos no período em estudo. Houve escassez de material bibliográfico sobre o Brasil da época, pelo menos até o final do século passado. Fatores como a democratização do  acesso a documentos sigilosos e a abertura dos arquivos sobre a máquina repressora do Estado, além do distanciamento em relação ao período ditatorial, possibilitam o exame e reexame de fontes, em condições de completar ou aprimorar, como se almeja neste estudo,  a história literária brasileira desse período.