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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Museu Paulista (Brasil) e Museu de Nampula (Moçambique) em contraponto: coleções etnográficas, discursos institucionais e inserções urbanas

Autores:
Lia Dias Laranjeira (UNILAB - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)

Resumo:

Esta apresentação é desdobramento do meu atual projeto de pesquisa que tem como foco o estudo de coleções etnográficas de museus situados em duas cidades conectadas, em meados dos século XX, pelos seus projetos de modernidade e pela língua portuguesa: o Museu Paulista, fundado na cidade de São Paulo (Brasil), em 1895, e o Museu de Nampula, fundado na cidade de Nampula (Moçambique), em 1956. A criação desses museus apresenta-se como um espaço de exposição e de pesquisa científica de referência e, como um importante símbolo da modernidade nas suas respectivas cidades. Nesta apresentação, abordo os discursos de ambas as instituições sobre a coleção de objetos religiosos afro-brasileiros do Museu Paulista, formada entre as décadas de 1920 e de 1950; e do acervo de “Artefatos Indígenas” do Museu de Nampula, com foco na produção de origem makonde, adquiridos entre as décadas de 1950 e de 1970. A partir da documentação produzida por funcionários e pesquisadores dos respectivos museus, no período de formação das coleções, analiso os discursos dos dois museus sobre os acervos citados e os grupos atrelados aos objetos que os compõem. No caso em questão, os artefatos da população negra no Brasil, na primeira metade do século XX, e da população makonde de Moçambique colonial. Na leitura em contraponto aqui proposta, também busco compreender o lugar dessas instituições no interior dos regimes políticos e dos discursos urbanísticos em que se situam (PORTO, 2007). Tanto o processo de aquisição de artefatos quanto a sua exposição são consideradas neste estudo como partes integrantes de instituições museológicas voltadas para a formação do saber da metrópole -São Paulo e Portugal-, mas também para a consolidação de narrativas nacionais (ANDERSON, 2008).