O presente trabalho tem como objetivo discutir resultados obtido a partir da construção de uma unidade curricular de leitura e produção de textos, bem como de seu desenvolvimento no período de um semestre, em um Instituto Federal da região sul do Brasil. O trabalho aqui apresentado tem sua fundamentação teórico-metodológica na proposta de sequências didáticas de gêneros textuais, apresentada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). Foram selecionados para compor a unidade curricular gêneros acadêmico-científicos que eram utilizados por professores de outras unidades ou que os alunos necessitariam para a construção de seu trabalho de conclusão: um projeto integrador com desenvolvimento de um protótipo e escrita de um relatório de projeto. Assim, optou-se por trabalhar com a escrita de notícias científicas, resumos e resenhas a partir da leitura de artigos científicos.  A leitura desses artigos tinha o objetivo de desenvolver a habilidade de compreensão de textos científicos. A escrita, por sua vez, objetivava dar aos alunos ferramentas linguísticas para a construção textual de seus projetos integradores, com o estudo de estruturas linguísticas comuns a cada gênero textual selecionado. Observou-se, com o desenvolvimento das sequências didáticas, uma dificuldade dos alunos em perceber as diferenças linguísticas e estruturais dos diferentes gêneros. Mesmo com o estudo das características linguísticas e estruturais que diferenciavam cada um dos gêneros trabalhados, eram frequentes textos com característica marcantes de redação escolar, como a introdução de seguimentos conclusivos com “concluindo” ou “para concluir”. A reescrita, com o objetivo de redirecionar o texto do aluno às características do gênero, provocava confrontos, pois, uma vez que questões gramaticais e ortográficas não eram o maior problema desses alunos, eles não conseguiam compreender a necessidade de reescreverem seus textos. Apesar dos confrontos, a organização da unidade curricular por gêneros textuais possibilitou um trabalho interdisciplinar com professores de outras unidades, como metodologia de projetos.