O processo de incursão dos alunos em formação inicial, na universidade, é uma preocupação que se torna cada vez mais acentuada na comunidade de práticas acadêmicas, quer seja aos olhos dos professores, quer seja pela percepção dos próprios alunos em relação a esse processo e às demandas que ele forçosamente lhes impõe. Ao lado dessa preocupação, não se pode perder de vista a necessidade de problematizar algumas das práticas e valores que recobrem a escrita na universidade. Este trabalho propõe-se a apresentar parte de uma pesquisa, ainda em desenvolvimento, realizada em curso de doutorado, centrada nas práticas de didatização do discurso acadêmico-científico, especialmente no que tange à temática do diálogo com/entre o discurso de outrem na escrita acadêmica, a partir de uma perspectiva discursiva/dialógica. Trata-se de pesquisa qualitativa, guiada pelo método da pesquisa-ação, que se configura pela elaboração, implementação e pelo acompanhamento analítico de um conjunto de Oficinas de Produção de Textos Acadêmicos, executadas com a participação de um grupo de alunos de diferentes períodos do Curso de Letras. Constituem-se como aportes teóricos a esse trabalho as contribuições dos estudos do letramento acadêmico (RINCK, BOCH, ASSIS, 2015; KLEIMAN, ASSIS, 2016), da abordagem dialógica da linguagem (BAKTHIN, 2011; VOLOCHÍNOV, 2014) e da didática da escrita (BOCH; GROSSMANN, 2002). Os resultados preliminares apontam a importância de tematizar e refletir criticamente sobre algumas representações do uso da citação na escrita acadêmica, comumente entoadas na universidade, bem como de se avançar na discussão e proposição de ações de formação para e pela escrita que levem os alunos a refletirem e a reconhecerem os valores e funções que envolvem o diálogo com/ entre o discurso citado, na construção de uma posição autoral na escrita, ultrapassando a perspectiva puramente normalizadora.