O documento funciona como materialidade, memória institucional, arquivo, vestígios da história, registros, linguagem, constelação de distintos discursos, diferentes formações discursivas. O objetivo deste trabalho é analisar pela inscrição teórica da Análise de Discurso Francesa, como o Arquivo Público do Piauí, significa, como espaço de memória, em relação à cidade que o sedia, em seu centro histórico. Para tanto, mobilizam-se os conceitos de memória discursiva, interdiscurso, memória institucional e arquivo (PÊCHEUX, 2015) bem como as formações imaginárias sobre a cidade de Teresina, aquilo que não se diz, mas significa a cidade em relação a acontecimentos, materializados na opacidade linguística do discurso citadino. O corpus do presente trabalho é constituído de recortes de textos de reportagens sobre a fundação/celebração do Arquivo Público do Piauí que circularam em jornais piauienses de 1980, ano em que o prédio das atuais instalações passou a funcionar exclusivamente enquanto Arquivo Público, uma vez que, até a citada data o prédio sediava também uma biblioteca e um museu. De modo que, nesta reflexão, pelas leituras de Orlandi (1990; 2002 e 2003), Pêcheux (2008) e Robin (2016) dentre outros teóricos são discutidas as questões de arquivo e memória pelo dispositivo teórico-analítico, na mobilização de conceitos pelos quais se intenta os estudos da língua pela descrição e interpretação do discurso de documentos do arquivo público em relação à memória. Com a presente pesquisa a questão incide em compreender como a fundação/celebração do Arquivo Público do Piauí provoca o deslizamento de sentidos do lugar da memória institucional para as redes de memórias, filiações de sentidos, na formação imaginária da cidade.