Este trabalho objetiva realizar uma análise comparativa em relação à construção da identidade feminina presente nas capas da revista Capricho na década de 1990 e nos anos atuais. Como se sabe, antes do advento das novas tecnologias, as revistas impressas, que circulavam nas diversas bancas de jornais, eram um dos principais meios de divulgação de informações, amplamente consumida pelos jovens que encontravam, nelas, respostas aos seus questionamentos, sobretudo em assuntos voltados à sexualidade, à beleza e à vida amorosa. Em meio aos conteúdos relatados nesses meios de comunicação, ganha destaque o discurso de construção da identidade feminina, uma vez que percebemos que os enunciados eram voltados para o desenvolvimento de uma imagem subordinada aos ideais masculinos. Diante disso, a pesquisa ora apresentada possui caráter qualitativo-interpretativista, subsidiada no rol da Linguística Aplicada, ancorada pelos postulados desenvolvidos por Mikhail Bakhtin, no que concerne ao enunciado e à alteridade, além dos dizeres de Stuart Hall acerca da identidade cultural da pós-modernidade. O corpus é constituído por capas retiradas de endereços eletrônicos, uma vez que a plataforma digital possibilita o acesso mais prático aos dados mais antigos, bem como os mais recentes. A partir dessa análise, percebemos que os enunciados proferidos pelo veículo analisado evoluíram de acordo com a evolução da sociedade. O empoderamento feminino influenciou a quebra do tabu imposto aos jovens nos anos 90, o que respingou sobre os enunciados proferidos pela revista em questão, uma vez que, para acompanhar tal evolução, a Capricho alterou, em certa medida, o modo de construção da identidade feminina.