Esta comunicação propõe analisar as inter-relações entre discursos e processos de subjetivação em textos da WEB que tem feito emergir palavras e imagens de sujeitos que resistiram, sob tortura, ao poder da ditadura militar brasileira nas décadas de 1970 a 1980. São palavras e imagens que estiveram submersas, apagadas da história oficial e que, ao emergirem no espaço digital, produzem jogos de verdade entre memória e esquecimento e ameaçam os discursos tradicionais sobre a fundação do Brasil, expondo outras memórias nas narrativas da necropolítica contra adversários do regime ditatorial. O quadro teórico-metodológico no qual se assenta este trabalho tem em sua raiz a obra de Michel Foucault, particularmente em suas pesquisas sobre as discursividades e a construção histórica das subjetividades. Dessa perspectiva, Foucault se afasta de uma visão essencialista ou substancialista do sujeito; ele propõe entendê-lo como força criadora, inteiramente histórico: assim, à pretensão de universalidade ele contrapõe uma afirmação contundente da historicidade, concebendo os sujeitos como produto histórico de processos de subjetivação. No interior desse quadro teórico, meu trabalho objetiva discutir proposições de Michel Foucault no campo da linguagem e sua pertinência para análise da articulação entre discurso, história e memória. Assim, o objetivo central de minha exposição é discutir, a partir de uma "análise de discursos com Foucault", como memória e esquecimento funcionam nas mídias digitais para a construção de verdades sobre a história. Ao analisarmos os jogos de verdade entre história e esquecimento, tomamos a concepção de discurso como uma luta, como batalha para constituição das subjetividades.