O Google Livros (Google Books) como fonte de dados para a história do léxico: estudos de caso | Autores: Bruno Oliveira Maroneze (UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados) |
Resumo: O website Google Livros (em inglês, Google Books) disponibiliza gratuitamente uma quantidade imensa (mais de dez milhões, segundo informações da Wikipedia) de livros escaneados integral ou parcialmente. O acervo apresenta um potencial muito grande para estudos de Linguística Histórica em geral e para a história do léxico em particular, por conter muitas obras representativas de sincronias pretéritas. Efetuando buscas por palavras-chave, é possível encontrar atestações de unidades lexicais em textos a partir do século XV, facilitando o trabalho de retrodatação, bem como a descrição de mudanças de significado ocorridas. A ferramenta “Ngram Viewer” permite identificar variações na frequência de uso de unidades lexicais ao longo do tempo. Embora ainda não disponível para a língua portuguesa, essa ferramenta colabora com o estudo de estrangeirismos, ao identificar em que períodos determinada unidade lexical estrangeira (inglesa, francesa, espanhola) foi mais empregada. Para este trabalho, apresentaremos três estudos de caso: a) “abacaxi” tem como étimo mais aceito o tupi *iwaka’ti (fruta que recende, segundo o dicionário Houaiss). No entanto, suas atestações mais antigas encontradas no Google Livros apresentavam acepção completamente diferente, o que sugere um outro étimo; b) “pétala” teria como étimo o grego “pétalon” via latim “petalum” (segundo o mesmo dicionário Houaiss). Porém, pesquisas no Google Livros sugerem que a unidade lexical teria entrado no português pela via do francês; e, por fim, c) “autópsia” e “necrópsia” são dois termos quase-sinônimos. Pesquisas no Google Livros pelos termos e seus equivalentes em outras línguas permitem reconstruir parcialmente a história dos dois termos e explicar por que surgiram duas denominações para conceitos tão próximos.
|
|