Este trabalho busca discutir o entrecruzamento entre silêncio e memória em postagens e comentários que, por meio da hashtag asminanahistória, atravessam três mídias digitais contemporâneas: blog, twitter e instagram. Idealizado pela estudante de história Sigrid Beatriz Varanis Ortega, o projeto “As mina na história” se iniciou em 2015 com o intuito de resgatar, por meio de textos bibliográficos e de imagens, a memória de mulheres que foram protagonistas de transformações sociais, no Brasil e no mundo, ao longo dos anos. Em perspectiva teórica dos multiletramentos e dos letramentos críticos, buscamos apreender o processo de ressignificação da identidade dessas importantes figuras femininas em postagens das mídias digitais mencionadas, identificando e problematizando o modo como escrita e imagem atuam na configuração de um entre-lugar da presença e da ausência, em performances discursivas alinhadas à (re)definição de identidades de gênero, de raça e de classes, nesses espaços. De modo interdisciplinar, são mobilizados, ainda, estudos do gênero no campo da filosofia (Butler, 2001) e da psicanálise (Kultuv, 2017; Neumann, 2018), com o objetivo de argumentar sobre uma hipótese em duas vias complementares: de um lado, o apagamento dessas mulheres, cujas identidades foram censuradas e silenciadas pelo “medo” do feminino universal e pela hegemonia de gênero tradicional à cultura ocidental; de outro lado, a inscrição da memória de tais mulheres e de seus feitos, em espaços-tempos reconhecidos por dar lugar à agência e à cidadania crítica, legitimando discursos antes apagados pela tradição cultural.