O presente estudo integra parte da pesquisa de doutoramento intitulada “O Povo Negro Brasileiro e sua Poética na Formação Leitora de Alunos do Ensino Médio: Reflexões e Apreciações de Bens Simbólicos Reproduzidos pelo Livro Didático (LD)”. Para esse recorte, escolhemos o resultado dos dados de uma das coleções, do PNLD 2015, para analisarmos o tratamento dispensado às poéticas negras brasileiras no tocante à abordagem didático-estética e suas reflexões e compreensões sobre raça, racismo e identidade negra no cenário de possíveis contribuições para uma prática pedagógica antirracista. Nossa análise e compreensão dos dados inspiraram-se nos pressupostos teóricos do Letramento Racial Crítico (MOSLEY, 2010; FERREIRA, 2015), que busca compreender as categorias raça e racismo do ponto de vista de autorias negras; e na Análise do Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2011; VAN DJIK, 2016) que tem como finalidade problematizar e discutir sobre discursos e ideologias tratadas de forma “hegemônica”, “naturalizada”, “dissimulada”, e como “forma simbólica” de poder nas representações didáticas dos LD. Os resultados parciais nos mostram que a presença de poéticas de autoria negra se fazem presentes em número módico dentro de um cenário de produção artística negra brasileira rico e diverso, desconsiderando-as como “patrimônios intelectuais”(Brasil, MEC, 2014) importantes na formação de jovens leitores negros ou não. Já o tratamento didático-estético dispensado a essas poucas poéticas negras desconsidera a discussão sobre raça e racismo no debate didático e estético, mesmo quando essas obras problematizam nos seus discursos essas questões. Fica evidente, nesta análise, que ainda se torna caro e desconfortável para as autorias dos LD tratarem sobre esses temas ou a ideia de raça e racismo permance envolvida e solidificada no pensamento equivocado do “mito da democracia racial” para a elite branca maior produtora de LD no Brasil.