Foucault e a taxonomia das coisas: contribuições na formação de um biólogo | Autores: Marco Aurelio Ferreira Martins de Oliveira (UNESP - RC - Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho - Campus Rio Claro) |
Resumo: Este texto tem como objetivo refletir sobre o papel da linguagem na classificação dos seres vivos, a partir de leituras de Foucault (2000) e Borges (1985) e de narrativas de um biólogo, mestrando em educação, orientando pela Prof.ª Dr.ª Maria Rosa R. M. de Camargo. Em uma aula de narrativas sobre si, o biólogo se intriga com um livro “As palavras e as coisas”, onde é citado John Wilkins, um inglês que gostaria de criar um vocabulário universal, afim de classificar tudo que existe. E os problemas de taxonômicos que tal vocabulário provocaria? Borges tem a reposta: “não há classificação do universo que não seja arbitrária e conjetural. A razão é muito simples: não sabemos o que é o universo”. Pensando na taxinomia, ramo da ciência que estuda a classificação dos seres vivos, o biólogo relembrou da sua formação. Linnaeus, no século XVIII, concebeu a ideia "divisão e denominação", como forma de organizar os organismos vivos, usado até hoje. Aristóteles classificava os seres vivos pela scala naturae, onde o ser humano era máximo e perfeito: vivíparo, pulmão macio, sangue vermelho e quente. Assim, o biólogo reflete o que os sistemas de classificação têm em comum: na linguagem, aos seres vivos ganham outra visibilidade, como escreve Foucault (2000, p.185): “Limitando e filtrando o visível, a estrutura permite transcrever-se na linguagem. Por ela, a visibilidade do animal ou da planta passa por inteiro para o discurso que a recolhe. E, no final, talvez lhe ocorra restituir-se ela própria ao olhar, através das palavras [...].” Há beleza e complexidade no processo de criação e invenção dos sistemas de classificação das coisas, e entender as ciências e a biologia como uma linguagem humana é importante para a compreensão desses processos e do mundo, tanto para os cientistas quanto para a sociedade.
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