Discursos sobre envelhecimento e discursos do envelhecimento: reflexões e caminhos de análise à luz dos estudos histórico-culturais | Autores: Larissa Picinato Mazuchelli (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo: Introdução: Falar sobre linguagem e envelhecimento é tarefa nada simples. Ambos se configuram como objetos de reflexão e de disputas acirradas sobre sua natureza, seu funcionamento e seus limites. Arrisco dizer, contudo, que diferentemente da linguagem, além de também ser objeto de interesse de diferentes áreas, o envelhecimento é hoje fonte de grande preocupação, especialmente em decorrência dos efeitos do acelerado crescimento demográfico dessa parcela da população, que vive cada vez mais. É nesse contexto que minha pesquisa de doutorado se situa e busca, portanto, ampliar a compreensão dessa temática. Aspectos Teórico-Metodológicos e Objetivos: Inserida nos estudos discursivos da Neurolinguística e fundamentada nos pressupostos histórico-culturais, a pesquisa, filiada ao Grupo de Estudos da Linguagem no Envelhecimento e nas Patologias (GELEP/CNPq/IEL/UNICAMP) teve como objetivo: (i) descrever e analisar criticamente aspectos linguísticos e cognitivos de sujeitos em processo de envelhecimento normal e nas patologias (afasia e demência); e (ii) analisar e refletir sobre as representações de envelhecimento que circulam na sociedade brasileira. Para atingir esses objetivos, dois corpus de pesquisa foram constituídos: para o primeiro, foram realizadas 12 entrevistas semiestruturadas (vídeo-gravadas e transcritas seguindo as orientações do projeto NURC-SP); e para o segundo, foram selecionados comerciais televisivos, veiculados entre 2007 e 2017, que utilizaram representações de envelhecimento na constituição de suas peças publicitárias. Para este simpósio, apresento a reflexão decorrente dessas duas análises que compõem minha pesquisa de doutorado (FAPESP processo 2015/15515-1). Discussão: as análises dos dados obtidos em entrevistas articuladas às dos discursos sobre envelhecimento revelam aspectos interessantes dos modos como encontros semióticos de menor escala (os discursos dos idosos) e tendências sócio-históricas de grande escala (os discursos sobre idosos) estão intimamente interligados. Essa reflexão também contribui para a desmistificação de um discurso hegemônico que concebe o envelhecimento somente em termos de perdas e como um declínio inevitável.
Agência de fomento: FAPESP |
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