A Voz dos Profissionais do Sexo:
análise das demandas enunciadas pelo movimento organizado e em seu nome | Autores: Maria Fernanda Moreira (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo: Analisarei as demandas coletivas enunciadas por e em nome dos trabalhadores sexuais, colocados em cena pela figura discursiva do porta-voz (cf. PÊCHEUX, 1990). Busco saber em primeiro lugar quais foram, nos últimos 30 anos, as condições de produção dessas declarações. Quais foram os sujeitos e os sentidos que tiveram condições materiais de existência e possibilidade de inscrição na memória discursiva? Para isso me deterei tanto em discursos proferidos por organizações e por redes de profissionais do sexo a nível latinoamericano. Além de seus silêncios, discutirei também suas variações e mudanças. Busco retomar o deslizamento discursivo entre as demandas e acontecimentos políticos enunciados em primeira pessoa e como isso fica marcado quando é feito em terceira pessoa. Nesse sentido, me pergunto: quais são os pontos de convergência e de não-coincidência do dizer entre representante e representados? Por fim, desenvolverei como a parceria do movimento com entidades da sociedade civil corporificam as desigualdades sociais (identidade, idade, raça e técnicas) e, ao mesmo tempo, delineam o desigual no político, possibilitando a emergência de algumas vozes e não de outras. Com o desenvolvimento dessa pesquisa, busco compreender os processos contraditórios de formação imaginária a partir das formas de invisibilização e de silenciamento postas em funcionamento pela mediação discursiva e pela representação política.
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