Através de uma perspectiva que se iniciou no Reino Unido na década de 90 conhecida como Letramento Acadêmico, as práticas de leitura e escrita no contexto universitário passam a ser problematizadas. Assim, através de trabalhos etnográficos, Lea e Street (1998) evidenciaram dois modelos educativos predominantes no ensino superior: Modelo de Habilidades de Estudo e Modelo de Socialização Acadêmica, propondo um terceiro modelo chamado de Modelo de Letramentos Acadêmicos. A presente comunicação visa apresentar a perspectiva através de uma revisão de literatura, com vistas a enfocar quais contribuições os modelos evidenciados proporcionam e, principalmente, demonstrar, como o campo dos Letramentos Acadêmicos vem se desenvolvendo em nosso país através das contribuições de autores como (OLIVEIRA, 2017; BOTELHO, 2016; MACEDO, 2017, MACEDO; BARROSO, 2010; MARINHO, 2010; FIAD, 2011, 2012, 2016, 2017). Diferentemente do que fazem crer os dois modelos supracitados, as práticas letradas no contexto da academia estão ligadas a aspectos mais amplos que a mera aquisição das habilidades necessárias para a realização das produções ou a socialização entre os agentes de ensino. Sendo uma prática social, o Letramento Acadêmico envolve relações de poder, identitárias, sociais, demandas institucionais e uma gama de fatores que são diretamente influenciados pelo contexto. As Práticas Institucionais do Mistério (LILLIS, 1999) nos fazem compreender que, ao serem inseridos no ensino superior, os jovens não estão suficientemente preparados para lidarem de forma satisfatória, como quer a instituição, com os gêneros e práticas que dela derivam. Não sendo suficientemente claras as regras, discursos que evidenciam as características deficitárias dos estudantes são inflamados, responsabilizando-se pela evidenciação daquilo que o aluno não sabe. Acreditamos que o conhecimento acerca da perspectiva a ser apresentada por fornecer subsídios para que lidemos melhor com as expectativas institucionais, bem como, com as demandas de nossos estudantes.