O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), implementado em 2000 pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com o intuito de produzir indicadores de qualidade sobre a educação mundial, avalia hoje 70 países em todo o mundo e tem recebido inúmeras críticas em relação a seus fundamentos teóricos e metodológicos. Considerando o alcance do programa, este trabalho pretende contribuir para o exame crítico da proposta e assume como objetivo apresentar uma análise global do instrumento aplicado, considerando sua composição e as competências avaliadas nas questões da avaliação de leitura nas duas edições em que esta recebeu ênfase: 2000 e 2009. Para tanto, partimos da análise da concepção de leitura, considerada pelo PISA e, posteriormente, realizamos uma pesquisa documental com abordagem qualiquantitativa, buscando dados que pudessem revelar a composição e as temáticas exploradas nas provas, suscitando reflexões sobre circulação e acessibilidade dos textos escolhidos, bem como os objetivos das questões. O trabalho exploratório de coleta dos dados colocou-nos frente ao desafio de chegar a nosso objetivo, uma vez que a disponibilização dos testes ocorre de modo fragmentado, em línguas diferentes, em relatórios cada vez mais extensos e cumulativos e, ainda, com repetição de itens a cada edição do programa. Apesar disso, foi possível identificar o conceito de leitura numa perspectiva cognitivista, que desconsidera a abordagem sociocultural e a perspectiva de gêneros do discurso. A pesquisa quantitativa ficou prejudicada pela falta de precisão das informações disponibilizadas pela OCDE, mas a análise qualitativa revelou que cada prova é construída a partir de vários textos, cujas questões e temáticas não dialogam entre si. Foi possível constatar, também, que a competência de interpretar informações recebeu mais relevo no corpus analisado.