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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ENSINO DA LITERATURA CONTRA O ENFEITIÇAMENTO DO CINISMO: UMA PROPOSTA INGÊNUA, MAS INTELECTUALMENTE HONESTA, OU LENDO OS REALISTAS DESDE BALZAC PARA ENSINAR A SER E A VIVER JUNTO.

Autores:
Humberto Luiz Lima de Oliveira (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)

Resumo:

Desiludidos, convencidos de que são eles mesmos os únicos responsáveis pelo seu próprio sofrimento ético-político (SAWAIA:1999), homens e mulheres deixam-se ir, resignam-se e abandonam o poder de tomar o destino nas mãos, logo submetem-se a esse novo deus já anunciado por Balzac em Le Père Goriot (1835). No entanto, pensamos que cabe aos professores e professoras de Língua e Literaturas (re) criar estratégias de libertação a partir da refundação do próprio projeto de educação (FREIRE:1992; ILLICHT:1971), contrapondo-se à paralisia do pensamento. Ao desencanto vigente e retroalimentado diuturnamente pela grande mídia, caberia recuperar a fé nas potencialidades do humano oferecendo condições para uma educação do reencantamento do mundo (ASSMANN: 2007; LA TAILLE: 2015). Como principal ferramenta, o ensino da Literatura, na tradição do realismo (PILATTI : 2017), considerada como um direito essencial do indivíduo (CÂNDIDO:1995). Assim, como um tipo de ‘remédio’ contra esta ‘feitiçaria’ do pensamento único que torna a humanidade meio entorpecida, meio embrutecida, a Literatura continua acenando para um mundo de possíveis onde pontificam outras formas de viver, de amar, sonhar e de trabalhar (BUBER: 1982), logo indicando para a constituição de um sujeito empoderado capaz de aderir a uma ética essencial, onde o “espírito do geômetra” em seu modo-de-ser-produção não exclua o “esprit de finesse”, em seu modo-de-ser-afetividade (PASCAL apud Boff: 2006). Na feliz esperança sugerida por Bourdieu (1993) se « tudo o que o mundo social fez, o mundo social mesmo pode desfazer”, trata-se de encontrar dentre várias soluções narrativas aquelas que se constituam em contra discursos capazes de contribuir para vencer o cinismo, (GAJANIGO: 2015) que ameaça habitar mentes e corações, (CHOMSKY: 2010), ensinando a ser e a viver junto (MORIN: 1997). Enfim, como nos versos da canção Yayá Massemba (2005), de Roberto Mendes, trata-se de “aprender a ler para ensinar meus camaradas”.