O presente artigo tem como foco a análise das imagens do patriarcalismo no conto “Eufrásia Meneses”, integrante da coletânea Livro dos homens (2005), de Ronaldo Correia de Brito, com destaque para a representação da mulher que dá nome à narrativa a partir das emanações dos espaços que constituem o enredo do conto. A protagonista Eufrásia relata, em primeira pessoa, que foi levada pelo tio para uma fazenda com o propósito de ensinar as letras aos 9 filhos e 5 filhas da casa dos Meneses. Depois de algum tempo, casa-se com Davi, um dos filhos, e segue com ele para outra localidade em obediência às regras impostas pela sociedade. Em sua nova casa, Eufrásia expressa uma profunda melancolia com a condição de mulher submissa, ocupada apenas com as tarefas domésticas, e prisioneira dessa mesma casa em que vive. Essa prisão da personagem é construída fisicamente e ideologicamente; nesse contexto, é interessante verificar, por exemplo, em que medida o espaço literário é contaminado e faz circular o sistema patriarcalista no interior da narrativa a partir dos elementos próprios que as constituem. Como suporte teórico são utilizados os estudos de Borges Filho (2007), Bourdieu (2012), Brandão (2013), Candido (2006; 2009), Freyre (2001), Holanda (1995), Prado (1981), dentre outros. Pretende-se, portanto, analisar como o espaço literário do conto colabora para a representação de Eufrásia Meneses, a partir das interferências do sistema patriarcal, e perceber se esse mesmo espaço perpetua os discursos próprios desse sistema.