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| Narrativas sobre o indígena no Brasil: Literatura como instrumento de silenciamento | Autores: Caroline Aparecida Fazio (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Gabriela Siqueira Lage (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Ana Carolina Souza Santos Ricco (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) ; Rafaela Almeida Florenzano (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS) |
Resumo: Ao longo da história literária brasileira, observa-se um contínuo esforço no sentido de compreender e estabelecer uma identidade nacional. Dessa forma, a questão étnica cumpre um dos papéis centrais, notando-se a grande presença desse tema no que constitui a literatura canônica no Brasil. Considerando este cenário, a figura do indígena assume diversos contornos ao longo da história, desde o período da colonização. O presente trabalho se dedica a uma investigação das narrativas construídas por meio dessa literatura, no que diz respeito à constituição de um discurso que situa os povos indígenas constantemente no local do “outro”, retratado por setores sociais que centralizam os meios de produção cultural. Pretende-se observar os efeitos dessa construção, que produz um apagamento e o silenciamento sistemático da memória de um povo, cujas vozes são sobrepostas por um imaginário repleto de mitos e estereótipos. Para tanto, faz-se necessária uma análise comparativa, contrapondo diversos momentos de nossa história literária, observando divergências e intersecções, e ressaltando as problemáticas de um discurso a respeito do indígena que, ao ocupar um lugar na cultura nacional, leva ao esquecimento da(s) história(s) e da memória desses povos. Foram selecionados para evidenciar as características que busca-se investigar, a obra de Antônio Vieira, o que se conhece como Romance Indianista e também obras do Modernismo, sempre levando em conta as condições de produção dos textos observados. A hipótese formulada é de que a literatura brasileira possui um fio condutor marcado por um violento silenciamento, a partir do qual se constitui o não-lugar do indígena, sempre situado na posição do exótico, animalesco ou mitológico. Para fundamentar essa discussão, será utilizado o trabalho de Eni Orlandi e Pierre Achard a respeito do discurso e da memória, bem como análises da literatura nacional sob a ótica de Francisco Foot e Roberto Schwarz.
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